21 de maio de 2011

Inventei


Um dia sem por quê, me vi te inventar. Inventei teu sorriso, teus olhos, teu jeito de falar. Inventei tua presença comigo, teu toque, teu jeito de amar. Te sentia em cada amanhecer e em todo fim de tarde. Eu era completa porque sabia que pra tudo existia você. Nos dias com cor, tua presença me alegrava. Nos dias frios e cinzas, teu sorriso me trazia cor. Inventei tuas coisas em meu quarto, fotos tuas em minha parede, teu cheiro colado em mim. Inventei teu nome antes de dormir, teu rosto pra sonhar. Te inventei na chuva, sob luz do luar, na melodia da canção. Te imaginei pensando em mim todos os dias, desejando tocar meu rosto sempre que acordasse. Te inventei sentindo minha falta. Falta do meu cheiro e do meu carinho.
Mas um dia, da mesma forma sem por quê de te inventar, eu abri os olhos. E vi que não havia teu sorriso, teus olhos, nunca houve tua voz. Minha pele nunca conheceu teu toque, nunca existiu você comigo. Os dias cinzas continuam sem cor, e meus sonho continuam vazios como sempre foram. Não há eu e você em lugar algum, nem saudade, nem carinho, muito menos amor. Só existe em mim essa falta do que nunca existiu, essa saudade doente do que nunca tive. Por que o resto... o tudo eu inventei.

0 comentários:

Postar um comentário